Acessibilidade Digital: O caminho para experiências inclusivas com UX Writing
Como criar conteúdos acessíveis e transformadores para garantir uma experiência de usuário inclusiva e satisfatória?
A acessibilidade deixou de ser um requisito legal: para UX Writers e designers de conteúdo, ela é algo mandatório - e uma ferramenta poderosa para ampliar o alcance e melhorar a experiência de usuários com diferentes necessidades.
Hoje, a criação de experiências digitais acessíveis começa com o conteúdo, e sua importância vai muito além da usabilidade. Já que nas últimas semanas expliquei um pouco sobre guias importantes, como o guia de estilo, e outras ferramentas essenciais que facilitam a vida do UX Writer, quero explorar também um guia muitas vezes ignorado, mas igualmente importante: o Guia de Acessibilidade.
Porém, antes de entrar na formatação e dicas sobre a criação desse guia, acho importante termos um papo sobre acessibilidade e sua importância. Vamos lá?
Você já se perguntou se o conteúdo que produz está acessível a todos?
Muitas vezes nos concentramos na estética ou funcionalidade mas esquecemos que a verdadeira inclusão digital começa pelo conteúdo. Será que estamos realmente criando experiências que permitem que todos os usuários interajam de forma eficaz e significativa?
A acessibilidade digital tem um impacto direto na inclusão social. Com mais de 45 milhões de brasileiros vivendo com algum tipo de deficiência, o conteúdo acessível possibilita uma sociedade mais equitativa, garantindo que esses indivíduos possam consumir informações, acessar serviços e participar plenamente do ambiente digital. Além disso, a acessibilidade beneficia outros públicos, como idosos, analfabetos funcionais e pessoas com limitações temporárias.
Para profissionais de UX writing, a criação de conteúdo acessível é uma prática essencial. A Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) 2.1 oferece diretrizes claras para garantir que um conteúdo seja acessível e inclusive, e a implementação dessas diretrizes vai além de atender pessoas com deficiência: ela melhora a experiência de todos os usuários, aumentando a navegabilidade e a eficiência do conteúdo.
Acessibilidade na prática
A acessibilidade vai muito além de uma prática: ela é um conjunto de regras e aplicações que torna o seu conteúdo consumível para todos os potenciais usuários. E isso não é bacana só pensando em logística e alcance para a empresa - embora sim, isso seja importante #capitalismo - mas também na possibilidade de autonomia das pessoas usuárias diante do seu produto e conteúdo.
Por isso, quando pensar em acessibilidade e inclusão, tente fazer o básico, como:
1. Uso de Linguagem Inclusiva
Ao criar conteúdo, escolha palavras que respeitem e incluam todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, raça ou habilidade.
Evite termos discriminatórios e utilize pronomes neutros quando possível (e nem vem reclamar das adaptações pró neutralidade: a língua é algo vivo! Reclama menos e faz como a Marília Mendonça dizia: SUPERA). A inclusão começa com a maneira como nos comunicamos!
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2. Evite jargões e termos técnicos
Seu conteúdo deve ser compreensível para todos os níveis de experiência. Claro, em alguns momentos é inevitável usar termos técnicos, mas sempre que puder simplifique e explique conceitos complexos de forma clara. O uso excessivo de jargões pode confundir parte da audiência.
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3. Ofereça alternativas visuais e textuais
Sempre inclua legendas em vídeos e transcrições de áudios. Isso garante que pessoas com deficiência auditiva possam acompanhar o conteúdo e melhora a acessibilidade geral, já que também facilita a busca de informações em arquivos de mídia.
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4. Otimize a navegação por teclado
Garanta que seu site ou aplicativo seja totalmente navegável via teclado, sem a necessidade de um mouse. Isso é essencial para pessoas com deficiência motora, que dependem de teclados ou outros dispositivos assistivos para interagir com o conteúdo.
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5. Teste a leitura com Leitores de Tela
Antes de publicar o conteúdo, faça testes com leitores de tela para garantir que a ordem e a estrutura das informações sejam compreensíveis. Verifique se os links estão descritos adequadamente e se os textos alternativos das imagens são informativos e úteis.
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6. Proporcione feedback claro em erros e formulários
Ao criar formulários, forneça instruções claras e indique os campos obrigatórios. Se um usuário cometer um erro ao preencher, ofereça uma mensagem de erro compreensível e uma solução clara para correção.
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7. Adapte o conteúdo para diferentes dispositivos
Garanta que o design responsivo esteja otimizado para vários dispositivos, como mobile. Um layout que se adapta a diferentes telas é fundamental para melhorar a acessibilidade e a experiência do usuário.
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8. Considere a inclusão para pessoas com Neurodiversidade
Para melhorar a acessibilidade para pessoas com diferentes formas de neurodiversidade, como autismo e TDAH, evite estímulos visuais excessivos e forneça opções para ajustar a interface, como controle de brilho ou redução de animações.
Melhores práticas do mercado
Empresas líderes em UX writing e design de conteúdo, como Shopify e Google, já adotaram padrões de acessibilidade como parte de sua estratégia central. Seguir as diretrizes da WCAG 2.1 e usar ferramentas automáticas para testar a acessibilidade são práticas recomendadas para garantir que o conteúdo seja adequado para todos os tipos de usuários.
1. Aplique as Diretrizes da WCAG 2.1
As Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG) 2.1 são aceitas como o padrão global para garantir que sites e aplicativos sejam acessíveis a pessoas com deficiência.
Como UX Writer, conhecer e aplicar esses padrões é importante para garantir que seu conteúdo seja acessível. Isso inclui todos os textos terem contraste adequado, serem perceptíveis e compreensíveis, etc.
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2. Adote a abordagem "Content First":
Sempre que possível, advogue e coloque o conteúdo no centro do processo de design!
Essa abordagem, conhecida como "content first”, significa que o conteúdo acessível e inclusivo deve ser planejado desde o início de um projeto, e não ser adaptado mais tarde.
Criar fluxos de trabalho que priorizem o conteúdo garante que a experiência do usuário seja clara, coesa e adaptada para todos.
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3. Utilize microcopy de forma inteligente:
O uso de microcopy — pequenos trechos de texto que orientam o usuário em ações específicas, como em botões e mensagens de erro — pode melhorar significativamente a acessibilidade.
Boas práticas de microcopy incluem ser claro, descritivo e direto, oferecendo orientações úteis e mensagens de erro que ajudem o usuário a resolver problemas de forma autônoma. Isso é crucial para criar uma experiência inclusiva e sem frustrações.
Para saber mais sobre microcopy, acesse o artigo "Microcopy: o poder das pequenas palavras nas interfaces digitais" no Medium.
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4. Seja proativo com testes de acessibilidade:
Participe ativamente dos testes de acessibilidade. Isso inclui validar o conteúdo com ferramentas de leitura de tela, verificar o contraste de cores e garantir que o texto seja facilmente navegável por teclado.
Participar desses testes demonstra uma preocupação real com a experiência do usuário e ajuda a identificar barreiras que podem ser eliminadas.
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5. Crie conteúdos adaptados a diferentes contextos
Um conteúdo acessível deve ser pensado para diferentes contextos de uso.
Isso significa que, como UX Writer, você deve considerar não apenas usuários com deficiências permanentes, mas também aqueles com limitações temporárias ou situacionais, como usar o site em um ambiente barulhento ou com baixa conectividade.
Oferecer alternativas, como transcrições para vídeos ou design responsivo é essencial para garantir que todos tenham uma boa experiência, independentemente das circunstâncias.
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6. Foco na inclusão desde a pesquisa do usuário
Mais uma vez: adote uma abordagem inclusiva desde a pesquisa inicial.
Entender as necessidades específicas de diferentes grupos de usuários — como pessoas com baixa visão, dificuldades cognitivas ou limitações de mobilidade — permite criar conteúdos mais personalizados e eficazes.
Então inclua pessoas com deficiências nas fases de pesquisa e testes para garantir que suas experiências e desafios estejam realmente sendo considerados.
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7. Seja um defensor da acessibilidade dentro da equipe - e da empresa!
Seu papel não é apenas implementar práticas de acessibilidade, mas também atuar na defesa dessas práticas.
Isso pode incluir educar colegas sobre a importância da acessibilidade, compartilhar exemplos de boas práticas, e garantir que os princípios de design inclusivo estejam integrados em todas as fases do projeto.
Inclusive, ser um líder nesse aspecto aumenta sua relevância como profissional e eleva a qualidade dos projetos em que está envolvido. #DicapDeCarreira
Essas práticas fazem com que você contribua ativamente para criar uma internet mais inclusiva e acessível para todos os usuários. Afinal, repito: a criação de conteúdo acessível vai além de cumprir requisitos legais.
O ponto aqui é proporcionar igualdade de oportunidades e melhorar a experiência de uso para todas as pessoas. Como profissionais de UX writing, devemos nos perguntar: estamos realmente entregando conteúdos inclusivos?
A acessibilidade não é apenas uma tendência passageira, mas uma necessidade crescente. À medida que o mercado evolui, quem não adotar práticas de acessibilidade corre o risco de ficar para trás.
Então se pergunte: como você pode garantir que seu próximo projeto esteja acessível a todos?
No artigo “Acessibilidade em UX Writing: Como melhorar a inclusão em Produtos Digitais com texto” do Medium, explico um pouco mais sobre isso. E já dou um spoiler do tipo de dicas que você vai encontrar na próxima edição, sobre o Guia de Acessibilidade.
Não li, Nem lerei: um Resumão
Criar conteúdos acessíveis é essencial para UX Writers. Seguir diretrizes de acessibilidade e usar microcopy, entre outras coisas, melhoram a experiência para todos os usuários, incluindo pessoas com deficiências. Entenda algumas práticas para promover uma web mais inclusiva:
Aplique as Diretrizes da WCAG 2.1: seguir as diretrizes da Web Content Accessibility Guidelines (WCAG 2.1) garante que seu conteúdo atenda aos padrões globais de acessibilidade.
Abordagem "Content First": priorize o conteúdo desde o início do processo de design, garantindo que ele seja acessível e claro para todos os usuários.
Utilize microcopy: microcopy claro e objetivo melhora a usabilidade e acessibilidade, especialmente em orientações e mensagens de erro.
Participe de testes de acessibilidade: valide seu conteúdo com ferramentas de leitura de tela, garantindo que ele seja acessível e fácil de usar por todos os usuários.
Adapte conteúdos para diferentes contextos: crie conteúdos que atendam a diferentes necessidades e situações, como usuários com baixa conectividade ou em ambientes ruidosos.
Inclua pessoas com deficiências na pesquisa do usuário: envolva grupos diversificados durante as fases de pesquisa e teste, para criar conteúdos que realmente atendam a diferentes necessidades.
Defenda a acessibilidade na equipe: seja um defensor da acessibilidade, promovendo a importância dessas práticas dentro de sua equipe e garantindo que sejam seguidas em todo o processo de criação de conteúdo.
Se você gosta dos meus conteúdos, pode ler outros textos e artigos no Medium.
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